- June 3, 2024
- Updated 7:41 pm
Operação de auditores em frigoríficos pode atrasar abates no país
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- Daniel Baptista Daniel Baptista
- Fevereiro 21, 2024
- Agro Geral
Os auditores fiscais federais agropecuários deflagraram uma operação em todos os frigoríficos do país registrados no Sistema de Inspeção Federal (SIF) nesta quarta-feira (21/2). A ação poderá atrasar a produção das unidades. Os trabalhos de abate só serão iniciados após a verificação dos procedimentos padrão de higiene operacional (PPHO) em mais de 400 plantas fiscalizadas pelos servidores em todo o Brasil.
A ação coordenada faz parte da mobilização da categoria por melhorias salariais e reestruturação da carreira. O objetivo é chamar a atenção da iniciativa privada para o problema da categoria e aumentar a pressão sobre o governo federal para atendimento das demandas.
A medida dos auditores deve gerar “impacto elevado” nos abates de animas ao longo do dia, na avaliação de integrantes do governo federal. Apesar da “fúria” da agroindústria, a operação é totalmente legal, pois se trata do cumprimento exclusivo de regulamentos do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Ministério da Agricultura. Portanto, não há como impedir a execução. “Hoje vai ter muito barulho”, disse um representante do setor.
A ação de intensificação coordenada dos controles em todas as unidades com SIF é inédita no país.
A checagem do PPHO é feita periodicamente, a cada 15 dias, nos frigoríficos fiscalizados pelo SIF, mas as unidades são avisadas antecipadamente e podem se preparar para a inspeção, explicou um auditor.
Grandes conglomerados da indústria da carne, por exemplo, não esperam que todas suas unidades sejam inspecionadas no mesmo dia, o que pode atrasar o início dos abates e a produção diária de toda a empresa.
A inspeção é rápida, segundo auditores, e dura em torno de meia hora. Se não forem apontadas pendências, os abates podem começar imediatamente. Há casos, no entanto, que as inconformidades levam horas para serem corrigidas, o que compromete até meio dia de trabalho nas unidades.
Medidas semelhantes deverão ser adotadas nas próximas semanas em áreas de inspeção em portos, aeroportos e produtos de origem vegetal. As empresas já foram avisadas sobre a operação desta quarta-feira.
Os auditores reforçam que o procedimento faz parte da rotina de inspeção de higiene, já previsto em regulamentos do Ministério da Agricultura, e que só haverá atrasos no abate se a empresa apresentar não-conformidades de higiene. Unidades em estado ideal de higiene não sofrerão atrasos no abate.
A representação da indústria de carnes bovina já protocolou documento que cobra judicialmente o atendimento aos padrões normais dos serviços de inspeção e certificação.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) informou as empresas associadas que considera válido um mandado de segurança concedido pela Justiça Federal em 2022, pois a operação é semelhante à daquela época.
A decisão determina “a emissão e certificação da produção, viabilizando o seu escoamento, sob pena de multa pessoal diária”. Em comunicado repassado às empresas ainda em janeiro, a Abiec sustenta a “contemporaneidade da decisão judicial e seu poder executório” e recomenda que os frigoríficos informem aos auditores fiscais agropecuários que atuam nas suas instalações “a existência da manutenção da decisão judicial que inclui a certificação da produção e no ritmo praticado habitualmente garantindo/viabilizando o seu escoamento, e os riscos inerentes ao descumprimento que fogem do nosso controle, incluindo a apuração de crime e multa”.
Operação
A certificação sanitária não será prioridade nesta quarta-feira (21/2), exceto para cargas perecíveis, e eventuais vencimentos de prazos serão devidamente justificados. A ideia dos auditores é focar o trabalho nessa fiscalização. A verificação pode até durar mais dias. “Se necessário/justificável, a verificação oficial pode se estender em mais dias. Por exemplo: quando se constata um desvio significativo; sério comprometimento d condições higiênicas, refletindo em risco à saúde pública”, diz um comunicado interno da categoria.
A decisão pela verificação do PPHO é exatamente por se tratar de um procedimento que demanda tempo e “geralmente é falho” na execução das empresas. Os auditores deverão selecionar a área que será inspecionada e priorizar aquelas em que haja mais probabilidade de não conformidades. Elementos sensíveis, como respaldo à certificação, bem-estar animal, procedimento sanitário operacional (PSO) e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) também podem ser objeto de verificação caso o auditor fiscal julgue necessário.
Se forem detectadas não conformidades, elas deverão ser registradas por fotos e embasadas tecnicamente. De acordo com a gravidade, o auditor poderá desdobrar novas ações, como solicitar registros de dias anterior, avaliar o programa de autocontrole da unidade, verificar laudos de análises ou estender a ação para outras áreas do frigorífico.
A instrução geral é para que os auditores se pautem “na legalidade em suas ações e embasamento técnico para a tomada de ações fiscais, observando os prazos legais”.
A ação coordenada dos auditores nos 414 abatedouros fiscalizados pelo SIF no país foi definida após assembleia do sindicato nacional da categoria (Anffa Sindical) nessa terça-feira (20/2). Na reunião, 98% dos servidores também rejeitaram a proposta do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) de reajuste salarial e reestruturação da carreira.
Nesta quarta-feira, a categoria deverá ser recebida pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Uma das reivindicações é para que a próxima reunião com o MGI, agendada para 29 de fevereiro, ocorra no gabinete dele, como forma de fortalecer as demandas dos auditores agropecuários.
Mobilização
A mobilização dos auditores afetou a liberação de cargas no posto de fiscalização da fronteira entre Foz do Iguaçu (PR) e o Paraguai.
A Delegacia Sindical dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários do Paraná disse que a mobilização “tem gerado atrasos na análise e liberação de processos de importação e exportação porque o tempo de espera está acima do registrado em dias normais”, mas que a atividade respeita o prazo de cinco dias previsto em normas do Ministério da Agricultura. Os servidores não estão cumprindo horas extras não remuneradas.
A entidade explicou que a fila de quase dois mil caminhões em espera no local também é consequência da longa greve dos auditores da Receita Federal, suspensa na última semana, mas que ainda gera impactos na fronteira.
A delegacia do Anffa Sindical no Paraná informou que as condições de trabalho dos servidores são “precárias”. Apenas cinco auditores fiscais federais agropecuários (três agrônomos e dois veterinários) atuam no local onde, segundo a entidade, seria necessário um efetivo de nove servidores. Oito técnicos de fiscalização federal agropecuária também trabalham na fronteira, mas a demanda é por 34 profissionais.
“A atividade na fronteira só não entrou em colapso ainda em virtude da extrema dedicação dos servidores da unidade”, disse, em nota.
Agroindústrias
A mobilização dos auditores fiscais federais agropecuários tem gerado dificuldades para as agroindústrias produtoras e exportadoras de carne de aves, carne suína e ovos do Brasil, informou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em nota. No curto prazo, o movimento pode impactar a oferta de alguns produtos, segundo a entidade.
A ABPA apontou que a operação coloca em risco cargas vivas e compromete a importação e exportação de material genético, produtos altamente sensíveis ao tempo de trânsito. “No curto prazo, o retardo das linhas de produção provocado pelo movimento poderá impactar a oferta de produtos”.
Na nota, a ABPA disse que apoia a valorização da carreira dos auditores, mas reforça que a mobilização “penaliza severamente os setores de proteína animal”.
A associação espera que o governo federal se empenha para encontrar uma solução que reduza os impactos à produção de alimentos no país e para atender às demandas dos auditores “evitando a continuidade de uma situação que atinge em cheio produtores de alimentos de todo o país sob inspeção federal”, conclui a nota.
Fonte: Globo Rural
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