- May 20, 2024
- Updated 7:42 pm
Setor do tabaco aponta impactos negativos das deliberações da COP 10
- 17 Views
- Daniel Baptista Daniel Baptista
- Fevereiro 16, 2024
- Agro Geral
O setor produtivo de tabaco diz que as diretrizes adotadas durante a 10ª Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) podem trazer consequências negativas para toda a cadeia fumicultora no Brasil.
No evento, realizado na semana passada, no Panamá, a delegação brasileira não demonstrou “disposição para defender o setor”, disse o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco).
Segundo a entidade, representantes do governo brasileiro levantaram debates sobre medidas para reduzir a área plantada de fumo e para substituir a cultura. “Quando ouvimos falar novamente nisso, temos a certeza de que os números do setor, em especial no Brasil, são totalmente ignorados nessas discussões”, disse Iro Schünke, presidente do Sinditabaco, em nota.
O setor envolve mais de 500 mil trabalhadores no campo e tem 90% da sua produção exportada, com receita anual de US$ 2,73 bilhões e quase R$ 15 bilhões em impostos recolhidos, diz a entidade.
“Os membros da CQCT já tentaram, sem sucesso, implementar alternativas ao cultivo do tabaco e todas esbarraram na viabilidade econômica, no perfil das pequenas propriedades ou em aspectos de mercado. Basta comparar a rentabilidade do tabaco com outras culturas para entender: é preciso 7 hectares de milho para auferir a mesma renda de um único hectare de tabaco”, completou o dirigente.
A COP 10 também decidiu implementar medidas para discutir os impactos do tabaco no meio ambiente, tema levantado pela delegação brasileira. A proposta, de análise de impactos ambientais, está ligada ao Artigo 18 da CQCT, que fala de proteção do ambiente e da saúde das pessoas. A sugestão é de que os 182 países membros façam estudos sobre os impactos ambientais no cultivo, fabricação e consumo de produtos do tabaco, bem como sobre os resíduos gerados.
“Conduzimos, juntamente com a representação dos produtores, diversas ações de proteção dos recursos naturais, algumas delas com décadas de atuação e benefícios comprovados. Um deles foi o fomento, através do Sistema Integrado de Produção de Tabaco (SIPT), do cultivo de florestas energéticas para promover a preservação da mata nativa. Como resultado, atualmente, 14% das propriedades produtoras de tabaco são cobertas por mata nativa e 8% por mata reflorestada”, comentou Schünke.
Ele apontou ainda iniciativas que geraram redução no uso de defensivos agrícolas no cultivo do fumo e o programa de logística reversa, que promove o recolhimento e a reciclagem das embalagens dos agrotóxicos. “Essas iniciativas não são demonstradas, talvez sequer apuradas, considerando o viés unilateral das discussões. Quaisquer ações incentivadas pelas indústrias nesse sentido são totalmente desconsideradas nesse fórum que se tornou um exemplo antidemocrático para o mundo, em especial quando vemos representantes do povo e a própria imprensa impedidos de acompanhar os eventos”, criticou o presidente do Sinditabaco.
Não houve consenso nas discussões sobre os DEFs (dispositivos eletrônicos de fumar). O tema foi adiado para a COP 11, que ainda não possui sede nem data definidas.
Recent Posts
- Como o uso de agrotóxicos afeta as abelhas? Entenda
- Escoamento da produção de ovos é prejudicada no RS
- Chuvas no RS: Caxias do Sul tem tremores de terra e rachaduras em rodovia
- Soja começa pregão de forma estável, enquanto mercado aguarda dados sobre RS
- Quantos milímetros choveu no Rio Grande do Sul?