Por mais uma sessão, as cotações do trigo avançaram de forma consistente na bolsa de Chicago. Nesta terça-feira (23/4), os papéis futuros que vencem em julho, os mais negociados, fecharam em alta de 2,60%, cotados a US$ 6,0275.

Para Jonathan Pinheiro, gestor de risco de trigo da StoneX, assim como no último fechamento, o cereal avançou ainda repercutindo os novos desdobramentos da guerra entre russos e ucranianos. Ataques de mísseis destruíram portos da Ucrânia no último fim de semana.

“Os ataques aos portos têm um peso grande para o mercado, já que podem afetar o escoamento de trigo do principal fornecedor do mundo, a Rússia. Além disso, algumas informações apontam que estruturas ferroviárias na Ucrânia também foram prejudicadas pela ofensiva militar”.

A piora nas condições das lavouras de trigo de inverno nos EUA favoreceu também o avanço dos preços na bolsa, acrescenta o analista. O Departamento de Agricultura americano (USDA) disse ontem que 50% das plantações estavam em boas e excelentes condições até o último domingo, redução de cinco pontos percentuais se comparado com a semana imediatamente anterior. Um ano antes, apenas 26% das plantas estavam em tais condições.

“Apesar do clima ser uma preocupação, considero um exagero qualquer receio com a colheita neste momento. Em condições muito adversas no ano passado, os americanos colheram cerca de 45 milhões de toneladas. Dentro das condições atuais, podemos dizer com tranquilidade que a safra poderá superar as 50 milhões de toneladas”, destaca Pinheiro.

O analista pontua que as altas recentes ainda não representam uma nova tendência para os valores do trigo em Chicago.

“A informação que vai mexer de verdade com o mercado é o próximo relatório de oferta e demanda do USDA, de maio, quando teremos as primeiras projeções para a safra global 2024/25. Há uma expectativa para saber se os estoques vão continuar caindo. É nesse dado que os agentes vão focar suas apostas”, finaliza.

Milho

As condições de clima adversas nas lavouras de milho dos Estados Unidos culminaram em alta para os preços na bolsa de Chicago. Os contratos do cereal para julho avançaram 0,61%, a US$ 4,5250 o bushel.

A falta de chuvas para as lavouras de milho nos Estados americanos de Iowa e Minnesota são um ponto de preocupação para o mercado, segundo destaca relatório da consultoria Granar.

Ainda de acordo com a empresa, as chances de novos cortes para a produção de milho na Argentina são outro fator positivo para os preços futuros. No momento, as lavouras do país enfrentam problemas com o ataque de cigarrinhas.

Apesar do clima desfavorável no momento, o plantio de milho nos EUA segue sem grandes percalços, por enquanto. O USDA informou que os americanos semearam 12% da área prevista para o ciclo 2024/25, mesmo índice observado em igual período do ano passado e que está acima da média dos últimos cinco anos, de 10%.

Soja

A soja fechou o pregão em Chicago com preços em alta diante de uma cobertura de posições vendidas e ainda respondendo a um clima adverso para o avanço da safra nos EUA. Os contratos da oleaginosa para julho, os mais negociados, subiram 0,47%, a US$ 11,82 o bushel.

Assim como aconteceu no mercado do milho, desde o início da semana os agentes estão precificando a falta de chuvas regulares no Meio-Oeste americano, principal região produtora de grãos no país. O receio é de que o volume de precipitações seja insuficiente para beneficiar o começo do plantio de soja.

A semeadura em solos americanos alcançou 8% da área esperada para 2024/25, de 35,01 milhões de hectares, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA registrados até o último domingo. Esse percentual é o mesmo observado em igual período do ano passado, enquanto a média para os últimos cinco anos é de 4%.

Fonte: Globo Rural