Os papéis de soja caíram no pregão noturno e começaram o regular em baixa, em Chicago, depois de terem atingido o maior valor em uma semana. Segundo Don Keeney, analista da Maxar, investidores preferem não arriscar antes do fim de semana e por isso saem de suas posições. Agora, os lotes para maio, os mais negociados, caem 0,34%, a US$ 11,85 o bushel.

Apesar desse movimento, Ronaldo Fernandes, analista da Royal Rural, vê uma recuperação nos preços da oleaginosa, que recentemente atingiram o menor patamar em mais de três anos.

“Os fundos bateram recorde de contratos vendidos [apostando na queda dos preços] e análises técnicas já sugeriam que o preço teria alguma recuperação. Esse movimento dos fundos calhou com uma demanda maior por soja da China que ainda não estava precificada” afirma Fernandes.

Ele acredita que os valores da soja devem ficar próximos ou acima dos US$ 12 até novas indicações para o plantio da safra 2024/25 nos EUA, que deverão ser divulgadas pelo Departamento de Agricultura do país (USDA) no final deste mês.

“Chicago só deve se manter em alta se as projeções do USDA não vierem acima do esperado pelo mercado”, afirma.

Em fevereiro, durante seu evento anual, o Agricultural Outlook Forum, o USDA disse que o cultivo de soja nos EUA pode alcançar 35,41 milhões de hectares, acima dos 33,83 milhões de hectares plantados na safra anterior.

Milho

 

Para o milho não há novidades e nem esperança na recuperação dos preços. Ronaldo Fernandes diz que o grão tem acompanhando as cotações do trigo.

“É quase improvável o milho ficar acima de US$ 5, pois o USDA vem apontando um excesso de produção em muitos países. Nesse momento há mais oferta do que demanda, e isso limita qualquer chance de alta em Chicago”, afirma o analista.

Os lotes do milho são cotados agora a US$ 4,3275 o bushel, com queda de 0,32%.

Trigo

 

O trigo passa por uma correção depois de cair mais de 2% ontem. Os lotes para maio são cotados a US$ 5,3475 o bushel, aumento de 0,75%.

Após uma sequência de cancelamentos de compras anunciadas pela China desde a semana passada, as vendas líquidas de trigo americano caíram 69% no período de sete dias encerrado em 7 de março, com o volume de 83,8 mil toneladas, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA.

“A China está deixando de comprar trigo dos EUA para se abastecer de origens como França, Austrália, Argélia e principalmente Rússia e Ucrânia, que estão vendendo quase de graça seu produto”, destaca Ronaldo Fernandes, da Royal Rural.

Com o trigo americano perdendo competitividade no cenário externo, Fernandes acredita que a China pode anunciar novas desistências de compras de trigo dos EUA.

“No ano passado, a China aumentou muito suas importações, já que o clima prejudicou a oferta local. Eles acabaram comprando mais do que a necessidade de consumo, e por isso agora vão buscar os melhores preços no mercado”, diz o analista.

Fonte: Globo Rural