O setor produtivo de tabaco diz que as diretrizes adotadas durante a 10ª Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) podem trazer consequências negativas para toda a cadeia fumicultora no Brasil.
No evento, realizado na semana passada, no Panamá, a delegação brasileira não demonstrou “disposição para defender o setor”, disse o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco).
Segundo a entidade, representantes do governo brasileiro levantaram debates sobre medidas para reduzir a área plantada de fumo e para substituir a cultura. “Quando ouvimos falar novamente nisso, temos a certeza de que os números do setor, em especial no Brasil, são totalmente ignorados nessas discussões”, disse Iro Schünke, presidente do Sinditabaco, em nota.
O setor envolve mais de 500 mil trabalhadores no campo e tem 90% da sua produção exportada, com receita anual de US$ 2,73 bilhões e quase R$ 15 bilhões em impostos recolhidos, diz a entidade.
“Os membros da CQCT já tentaram, sem sucesso, implementar alternativas ao cultivo do tabaco e todas esbarraram na viabilidade econômica, no perfil das pequenas propriedades ou em aspectos de mercado. Basta comparar a rentabilidade do tabaco com outras culturas para entender: é preciso 7 hectares de milho para auferir a mesma renda de um único hectare de tabaco”, completou o dirigente.
A COP 10 também decidiu implementar medidas para discutir os impactos do tabaco no meio ambiente, tema levantado pela delegação brasileira. A proposta, de análise de impactos ambientais, está ligada ao Artigo 18 da CQCT, que fala de proteção do ambiente e da saúde das pessoas. A sugestão é de que os 182 países membros façam estudos sobre os impactos ambientais no cultivo, fabricação e consumo de produtos do tabaco, bem como sobre os resíduos gerados.
“Conduzimos, juntamente com a representação dos produtores, diversas ações de proteção dos recursos naturais, algumas delas com décadas de atuação e benefícios comprovados. Um deles foi o fomento, através do Sistema Integrado de Produção de Tabaco (SIPT), do cultivo de florestas energéticas para promover a preservação da mata nativa. Como resultado, atualmente, 14% das propriedades produtoras de tabaco são cobertas por mata nativa e 8% por mata reflorestada”, comentou Schünke.