Nas últimas semanas, a chuva intensa tornou-se recorrente em várias regiões do Brasil, com diversos alertas emitidos. Mas, afinal, por que está chovendo tanto e quando as precipitações vão diminuir?

De acordo com Willians Bini, meteorologista e Chief Climate Officer (COO) da empresa FieldPRO, existem três razões que ajudam a compreender o clima: o verão, o El Niño e as mudanças climáticas.

Nesta época do ano, principalmente entre janeiro e fevereiro, as altas temperaturas da estação aumentam a umidade, deixando as nuvens carregadas e pesadas, causando a precipitação. Portanto, sempre chove mais.

Além disso, o El Niño, fenômeno caracterizado pelo aquecimento anormal e persistente da superfície do Oceano Pacífico, também influencia na formação das nuvens carregadas.

“Um dos efeitos dele é a chuva forte no Centro-Sul. Estamos passando pelo El Niño e vendo muita chuva nessas regiões. É comum. Então, temos já o verão, que é quando chove mais, e um fenômeno climático que também traz chuva”, aponta Bini.

Apesar da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) divulgar que a chance de transição para o período de neutralidade ser entre abril e junho é de quase 80%, o fenômeno permanece forte e em ação no Hemisfério Sul.

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Por fim, as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global nas últimas décadas podem ser consideradas o terceiro motivo do volume intenso das chuvas nos primeiros meses de 2024. Isso porque, conforme a temperatura sobe, a umidade da atmosfera também aumenta, fator que favorece a formação das chuvas.

Até quando vai a chuva no Brasil?

 

Segundo previsão do Instituto Nacional de Metereologia (Inmet), as precipitações devem permanecer em todo país até o fim de fevereiro.

As maiores quantidades de chuva devem ser vistas no Sudeste. No Centro-Oeste, devem continuar a chover em locais de Mato Grosso e Goiás. Já no Sul, os volumes devem variar, com a previsão de pancadas isoladas de verão.

A previsão do tempo indica que, a partir de março, será observada a redução do volume nas cinco regiões, quando a regularidade e a frequência das chuvas intensas vai reduzir gradativamente. A explicação está no El Niño, que deve perder força ainda este semestre.

“Vamos entrar num período de neutralidade, que não é El Niño e nem La Niña, que deve começar no segundo semestre. Quando isso acontecer, poderemos ter vários impactos no agro, pois ela traz certa volatilidade das chuvas e consequências ao clima”, finaliza.

Os efeitos do La Niña no clima do Brasil

 

Segundo o NOAA, o desenvolvimento do La Niña tem 55% de chances de iniciar entre junho e agosto. O fenômeno é caracterizado pelo resfriamento de 0,5 °C da temperatura do mar, mais especificamente na porção equatorial do Oceano Pacífico.

Na última vez que esteve em ação, o La Niña durou três anos, causando estiagens severas nos estados do Sul e amplitude térmica, diferença entre a temperatura máxima e a mínima registradas em um mesmo lugar durante o dia, com tardes quentes e noites geladas, no Sudeste e Centro-Oeste.

Já no Norte e Nordeste, com destaque para Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, os registros apontaram chuva prolongada.

Fonte: Globo Rural