A partir da próxima sexta-feira, 1º de março, o percentual de biodiesel adicionado ao litro do óleo diesel vendido no país passará dos atuais 12% para 14%. O aumento da mistura está contemplado no Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), iniciado em 2005 com uma proporção de 2% do biocombustível no diesel de petróleo, de forma voluntária.

Em 2008, a prática se tornou obrigatória, e segundo o cronograma oficial do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), vinculado ao Ministério de Minas e Energia (MME), essa proporção chegará a 15% até 2026.

Com o aumento, a expectativa é de que a produção de biodiesel no Brasil supere os 9 bilhões de litros em 2024, segundo projeções do Itaú BBA. O novo percentual de mistura também deve elevar a demanda por soja — principal matéria-prima do biocombustível — para processamento de óleo em cerca de 28% neste ano

O que é o biodiesel?

 

O biodiesel é um biocombustível utilizado em veículos com motores a diesel (carros, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas) como substituto parcial do combustível derivado e petróleo.

O biodiesel pode ser produzido por diferentes matérias-primas: óleo de soja, gorduras animais, óleo de algodão, óleo de fritura usado, óleo de canola, óleo de mamona, e diversos outros materiais graxos. Em 2023 a soja respondeu por 69% da produção total de biodiesel do País. As gorduras animais, por 9%; o óleo de fritura já usado, por 2% e o óleo de algodão, por 1%.

Como o biodiesel é produzido?

 

Do ponto de vista técnico, a produção de biodiesel é realizada mediante a mistura de óleo vegetal ou gordura animal com etanol, ou metanol. , com auxílio de catalisador, uma substância que participa do processo e tem a finalidade de acelerá-lo. Assim, os triglicerídeos presentes nos óleos e nas gorduras ao reagirem com o metanol ou com o etanol dão origem a uma molécula de biodiesel.

Uma das características da produção de biodiesel é o us itens derivados das cadeias produtivas. A soja, por exemplo, o óleo extraído do esmagamento dos grãos para a produção de farelo, que segue para virar ração animal — uma parte dele é usado na indústria alimentícia e outra, na produção de biocombustível.

Existem ainda outras matérias-primas que estão ganhando espaço neste segmento: a gordura animal em especial as gorduras de porco e de frango, oriundas do processamento da proteína, o milho, a partir do resíduo da fermentação do etanol de milho, e o trigo, feito com o aproveitamento de resíduos do processo de moagem.

Quais as vantagens e desvantagens do uso de biodiesel?

 

Por ser um biocombustível, o biodiesel é uma fonte de energia limpa que libera menor volume de gases poluentes na atmosfera, sendo uma alternativa mais sustentável ao meio ambiente.

O uso permite que o Brasil cumpra acordos internacionais referentes às mudanças climáticas e também colabora com a saúde pública, uma vez que promove a redução de incidência de doenças cardiorrespiratórias.

Entre 2008 e 2022 a produção de biodiesel, que ultrapassou os 60 bilhões de litros, evitou a emissão de 130 milhões de toneladas de CO2, de acordo com Associação Brasileira da Industria de Óleos Vegetais (Abiove).

O parque industrial nacional conta com 61 usinas distribuídas em 15 estados, que empregam mais de 19 mil pessoas, de acordo com dados da Abiove.

Por outro lado, uma vez que sua principal matéria-prima é a soja, uma das desvantagens está na pressão em relação ao desmatamento de novas áreas. Outro ponto desfavorável é o aumento do preço da matéria-prima devido à maior demanda pela oleaginosa. Também a produção de energia é mais baixa (menos eficiente) quando comparada ao diesel.

Fonte: Globo Rural