A guerra entre Rússia e Ucrânia voltou a despertar a atenção de setor agrícola no Brasil para a produção de fertilizantes , afirmou, nesta quarta-feira (13/3), o presidente Luís Inácio Lula da Silva. Ele questionou o motivo do país não ser autossuficiente e ter que importar mais de US$ 25 bilhões em adubo.

Lula criticou o fechamento de fábricas no Paraná, em Sergipe e no Mato Grosso do Sul, na planta de Três Lagoas, que poderia produzir 15% de nitrogenados. “Se o Brasil é o país agrícola com potencial extraordinário, quase que imbatível pelo grau de tecnologia e ciência, como não consegue ser autosuficiente em fertilizantes. São situações que um país soberano não pode passar”, afirmou, ao participar da inauguração do complexo Mineroindustrial da EuroChem, em Serra do Salitre (MG).

Acompanhado de ministros e d

o vice-presidente Geraldo Alckmin, o presidente enfatizou que o investimento de US$ 1 bilhão da empresa de origem russa é uma forma de recuperar a confiança do Brasil para que outras indústrias do setor também voltem a investir na exploração e beneficiamento de minérios.

“Brasil fechou muitas fábricas de fertilizantes, porque tínhamos um complexo de vira-lata”

No mesmo tom, Alckmin disse que este ano o Brasil vai avançar com o Conselho Nacional de Fertilizantes e poderá ter uma maior produção de nitrogenados por meio da exploração do gás natural.

“O Conselho Nacional de Fertilizantes (Confert) segue com o trabalho de diminuir a dependência do Brasil de importar. Hoje, importamos 75% de fosfatados, 85% de nitrogenados e 95% de potássio, estando entre os três maiores produtores de alimentos”, afirmou o vice-presidente.

Importação

 

Em 2023, o Brasil gastou US$ 25 bilhões na compra de adubo de outros países, o que o governo federal quer reduzir em 2024. Para isso, Alckmin tem acelerado relações com indústrias do segmento e de recuperação de projetos que estavam parados.

“Teremos boas notícias esse ano com a produção de nitrogenados por meio de gás natural. Serão 15 milhões de metros cúbicos de gás natural a mais produzidos na chamada Rota III, em Itaboraí, no Rio de Janeiro. Poderemos quase dobrar a produção nacional também com investimentos previstos para este ano no Estado de Sergipe”, acrescentou, em entrevista coletiva.

Para o potássio, ele destacou a aprovação do licenciamento para exploração da matéria-prima em Autazes, Amazonas, que será feito pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), o que poderá ter um avanço nas próximas semanas.

Em fevereiro deste ano, o Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF1) acatou o pedido da Potássio do Brasil e derrubou a decisão da Justiça Federal do Amazonas que havia proibido o licenciamento do Ipam.

Durante o evento, Lula e Alckmin reforçaram o pedido para EuroChem continuar investindo no país e disseram que essa parceria reflete uma sintonia com os planos de nova indústria brasileira que projeta operações mais sustentáveis.

Gustavo Horbach, presidente da Eurochem para América do Sul, disse que o projeto de Serra do Salitre é o começo de uma estratégia global de consolidação no mercado brasileiro. Ele fez questão de repetir que não é um projeto partidário, mas que casa com o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), aprovado ano passado.

Os ministros da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro; e de Minas e Energia, Alexandre Silveira, acompanharam a inauguração e reforçaram que o plano de explorar adubo proveniente de minérios será uma aposta para segurança alimentar.