A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) classificou como “dicotômica” a percepção que se tem do café brasileiro, após uma declaração do presidente Luís Inácio Lula da Silva que salientou a necessidade de o grão brasileiro ter “mais divulgação, mais qualidade e mais preparo”.
A fala desta quarta-feira (13/3) do presidente aconteceu em Serra do Salitre (MG), próxima do Cerrado Mineiro, uma das principais regiões produtoras de café do país. Lula participava da cerimônia de inauguração de uma planta de fertilizantes da Eurochem no município de 11 mil habitantes, quando mencionou o potencial do mercado cafeeiro do Brasil crescer no mundo se tiver melhor divulgação.
Para Lula, o Brasil produz mais, mas ainda fica atrás da Colômbia em relação ao café. “É preciso dar um salto de qualidade”, afirmou.
O comentário despertou a atenção de entidades do café, que defendem que a qualidade do grão brasileiro é superior a de muitos países.
“As observações feitas pelo Presidente da República estão em consonância com a percepção dicotômica que existe em relação ao café brasileiro”, escreveu a Abic.
A representante da indústria brasileira reforçou que o Brasil, maior produtor e responsável pela produção de 40% do café consumido em todo o mundo, fica com uma fatia de apenas 16% do mercado global no comércio do café, enquanto a Suíça e a Alemanha têm, respectivamente, 9% e 8%, o que pode gerar a tal ambiguidade na impressão de ter um bom produto comercializado, mas ainda ser necessário avançar na divulgação mundial.
Lula, por sua vez, citou Itália e Alemanha como grandes consumidores do café brasileiro, mas que são países que acabam recebendo ‘elogios’ pela bebida.
“Para que haja uma mudança significativa nesse cenário, a Abic entende que é necessário investir ativamente na promoção e no marketing do café brasileiro. A Colômbia utilizou uma forte campanha para promover o seu café ao longo de décadas, o que resultou em uma percepção de qualidade maior em comparação com o café brasileiro”, acrescentou a Abic no comunicado.
Segundo a entidade, o resultado do investimento “bem feito” no marketing do café colombiano fez com que o país, mesmo produzindo seis vezes menos que o Brasil, responda 8% da fatia do comércio global.
Por outro lado, a Abic considera que os avanços em certificação do café e o aumento significativo no consumo per capita dos brasileiros, que saiu de 2,2 kg em 1989 para 5,12 kg em 2023 – uma média de quatro xícaras por dia – são indicadores de avanço do setor.
Fonte: Globo Rural