Estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) publicado na revista científica internacional “Land” neste mês indica a existência de aproximadamente 28 milhões de hectares de pastagens plantadas com níveis de degradação intermediário e severo e que apresentam alto potencial para culturas agrícolas no Brasil. A conversão desse quantitativo poderia aumentar em 35% a área total plantada com grãos no país em relação à safra 2022/23.

A estatal cruzou inúmeras bases de dados públicas e privadas nacionais e refinou as informações agronômicas e ambientais para identificar as áreas com maior potencial de conversão. A análise levou em conta não só as imagens de satélite para localizar as propriedades com terras em degradação, mas estudos sobre os perfis de solo, a topografia, o clima e até a disponibilidade de infraestrutura instalada nas proximidades, como armazéns e rodovias.

Segundo a Embrapa, cerca de 11 milhões de hectares de pastagens com degradação “severa” estão em áreas com potencial agrícola “bom” ou “muito bom” enquanto 18 milhões de hectares com nível de degradação “intermediário” estão em áreas com potencial agrícola “bom” ou “muito bom”. Ao todo, o Brasil tem 177 milhões de hectares de pastagens, dos quais 109,7 milhões apresentam limitação de moderada a severa. O Ministério da Agricultura quer converter 40 milhões de hectares em dez anos.

 

A maior parte dessas áreas degradadas com potencial de conversão está no Cerrado, aponta o estudo. Essa concentração facilita o planejamento de recursos públicos e privados para promover a recuperação de terras, diz a estatal.

Na análise, a Embrapa excluiu 447 milhões de hectares de áreas de comunidades tradicionais, assentamentos rurais, unidades de conservação, áreas públicas não designadas e áreas militares, que representam cerca de 52% do território nacional. Também não considerou áreas prioritárias para conservação da biodiversidade e que não estão sob proteção oficial como forma de evitar qualquer pressão sobre o meio ambiente.

Mato Grosso concentra a maior quantidade de áreas degradadas com alto potencial agrícola natural, com 5,1 milhões de hectares. O Estado é seguido por Goiás (4,7 milhões de hectares), Mato Grosso do Sul (4,3 milhões de hectares), Minas Gerais (4 milhões de hectares) e Pará (2,1 milhões de hectares). Se incorporados à produção de grãos, poderiam quase dobrar o tamanho das lavouras cultivadas com grãos em Minas Gerais na safra 2022/23, aponta o estudo.

Fonte: Globo Rural