O fenômeno climático tem desencadeado uma situação extrema no estado de Mato Grosso do Sul, causando uma série de eventos que estão impactando severamente o ecossistema. Uma das preocupações mais urgentes é o aumento do risco de incêndios florestais no Pantanal, a maior planície alagada do mundo e um dos biomas mais diversos e frágeis do planeta.
O El Niño, caracterizado pelo aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, tem influenciado diretamente as condições climáticas em diferentes regiões do globo. Em Mato Grosso do Sul, a elevação das temperaturas e a diminuição das chuvas estão contribuindo para a criação de um ambiente propício para a propagação de incêndios.
Com chuvas abaixo da média desde dezembro de 2023, a previsão é de que o déficit de precipitação persista e provoque danos ambientais já vividos anteriormente.
Para o meteorologista Vinícius Sperling, do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul), a situação deve se agravar nos próximos meses em todo o Estado, já que as chuvas estão abaixo do esperado há quase três meses.
Vinícius reforça que nesse período (dez/23), as chuvas estavam abaixo da média histórica em 39 municípios analisados. Já em janeiro deste ano, a situação não foi diferente, em 41 municípios houve déficit de precipitação.
No Pantanal, de acordo com a análise do Cemtec, a área com seca foi intensificada no período que deveria ser mais chuvoso, entre dezembro e janeiro. “Desde novembro a gente observou o avanço da seca, com piora em janeiro por conta das chuvas muito abaixo do ideal. Isso tudo resulta em aumento dos focos de calor, incêndios florestais, em todos os biomas presentes em Mato Grosso do Sul”, disse o representante do Cemtec.
Mudanças climáticas
O El Niño alterou as condições de temperatura e precipitações, com anomalias que provocaram situações extremas – de máximos e mínimos volumes – de chuvas, umidade relativa do ar, além de calor.
O Programa de Monitoramento de Queimadas por Satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), através do seu boletim mensal de dezembro de 2023, apontou que o El Niño iria provocar condições mais secas do que o normal durante o mês de janeiro deste ano.
Os órgãos de proteção ambiental e as equipes de combate a incêndio estão em alerta máximo, implementando medidas preventivas e estratégias para conter possíveis focos de fogo. A colaboração da população é crucial nesse momento, com a conscientização sobre as práticas seguras e a proibição de queimadas, que podem desencadear tragédias ambientais irreparáveis.
Além dos impactos imediatos na flora e fauna, os incêndios no Pantanal também podem afetar a qualidade do ar, colocando em risco a saúde da população local e agravando as condições respiratórias já existentes. Portanto, a situação demanda uma abordagem coordenada entre autoridades, comunidade e organizações ambientais para minimizar os danos e preservar esse ecossistema.
O sistema de monitoramento dos ‘Focos Ativos por Bioma’, do Inpe, mostra que no mês de janeiro deste ano foram registrados 369 focos detectados por satélite no bioma Pantanal – em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso – enquanto no mesmo período de 2023 foram 103. Em comparação com o mês de janeiro – nos últimos seis anos, a quantidade de focos em 2024 supera a registrada em 2020, com 226 e fica atrás apenas de 2019, com 542.
Mais 58% dos focos registrados em janeiro, foram em Mato Grosso do Sul e os municípios que tiveram maior quantidade de casos foram Corumbá (1°), Aquidauana (3°) e Miranda (5°).
Foto: Semadesc