Depois de cair ontem ao menor valor em um mês na bolsa de Nova York, com os dados de safra no Brasil, os papéis de açúcar demerara passam por uma correção e sobem nesta manhã. Os lotes para março, os mais negociados, sobem agora 1,2%, a 23,18 centavos de dólar por libra-peso.

A produção das usinas do Centro-Sul do Brasil chegou a 28,05 mil toneladas na segunda metade de janeiro, aumento de 68,48% no comparativo anual. No acumulado da safra 2023/24 desde 1º de abril de 2023, a fabricação da commodity totaliza 42,13 milhões de toneladas, 25,52% mais, segundo divulgou a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).

A produção reduzida de açúcar na Índia também é um fator de alta, apontam agências internacionais. A Associação Indiana de Usinas de Açúcar (ISMA) informou em 31 de janeiro que a produção no país em 2023/24 (outubro a 31 de janeiro) caiu 3,2% em relação a temporada anterior, para 18,7 milhões de toneladas. Para o ano de comercialização completo, a ISMA prevê que a produção fique em 33,05 milhões de toneladas, uma queda de 9,7% em relação a 2022/23.

Café

 

Também em NY, os preços do café arábica sobem levemente nesta sexta-feira, com os contratos para maio a US$ 1,897 a libra-peso, 0,12% mais que no último fechamento.

“Os preços são direcionados quando há algum fato novo no mercado, que justifique movimentos de alta ou de baixa. Mas neste momento o mercado está vazio em termos de fundamentos, e por isso ele tende a buscar um cenário de lateralidade”, afirma Fernando Maximiliano, analista da StoneX.

Sem novidades para dar um novo direcionamento aos operadores do mercado de café, Maximiliano diz que os preços seguirão flutuando. Os agentes continuarão a se posicionar com base em fatores como estimativa de produção menor no Vietnã e Indonésia, o cenário macroeconômico e ainda os dados sobre a produção no Brasil.

“Quando se trata de Brasil, o foco é saber qual o tamanho da safra no país. Teremos uma colheita maior em relação ao ano passado, mas não será recorde, pois o clima não favoreceu. Além disso, há discrepâncias entre algumas estimativas de produção, e isso contribui para o cenário de volatilidade na bolsa”, acrescenta.

Enquanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê uma oferta de café no Brasil na ordem de 58 milhões de sacas de 60 quilos em 2024/25, há consultorias que falam em cerca de 70 milhões de sacas. A StoneX deve divulgar sua primeira projeção para o novo ciclo na próxima semana.

A negociação de café da safra 2024/25 no Brasil ainda é incipiente, com apenas 10% do total, segundo a consultoria Safras & Mercado. “Um percentual bastante baixo de vendas se comparado a períodos anteriores, quando as vendas representavam entre 20% e 25% da produção no mesmo período”, salienta o consultor Gil Barabach em comunicado.

Algodão e cacau

 

Também em alta nesta manhã estão os papéis de algodão, cotados a 94,91 centavos de dólara a libra-peso, aumento de 0,3%.

O cacau, por sua vez, opera em baixa pela segunda sessão consecutiva após os papéis terem ultrapassado os US$ 6 mil a tonelada no início da semana. Os lotes para maio, os mais líquidos na bolsa, são cotados a US$ 5.510 a tonelada, queda de 0,57%.

“Há um déficit na produção pelo terceiro ciclo consecutivo e o consumo ainda se mostra resiliente. Como o cacau é uma cultura perene, os problemas de oferta não se resolvem do dia para a noite. Então os preços ainda devem permanecer em patamares elevados”, comenta Francisco Queiroz, analista da consultoria Agro do Itaú BBA.

Queiroz segue o raciocínio de outros analistas e afirma que correções para a cacau são esperadas somente a partir de uma redução na demanda, que deve acontecer com o repasse de preços da indústria, especialmente de chocolates, ao consumidor.