A soja começa a sexta-feira com pouca variação repetindo o comportamento da última sessão em Chicago. Os contratos com entrega para maio sobem agora 0,43%, cotados a US$ 11,64 o bushel.
No início da manhã de ontem, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu sua estimativa de safra de soja para o Brasil, a 146,50 milhões de toneladas, leve redução quando comparada com as 146,85 milhões divulgadas no mês passado.
Já no início da tarde, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimou uma colheita de 155 milhões de toneladas, mesmo número divulgado um mês antes. Em contrapartida, analistas esperavam um corte robusto, para 151,7 milhões de toneladas.
“Essa disparidade entre as projeções vem sendo observada há meses. Por isso os preços em Chicago não reagiram como muitos esperavam”, comenta Alef Dias, analista da Hedgepoint Global Markets.
Apesar de uma diferença de quase 10 milhões de toneladas entre as projeções da Conab e do USDA, Dias acredita que os números da estatal brasileira estão com um pouco mais de credibilidade entre os agentes de mercado. Nos cálculos da Hedgepoint, a colheita de soja no Brasil deve atingir 150,1 milhões de toneladas.
Sem grandes novidades com o relatório do USDA, o analista diz que os agentes de mercado voltarão suas atenções para o andamento da safra na Argentina, onde, segundo ele, já há indicações de cortes na safra.
O departamento americano manteve estável a estimativa de produção de soja argentina em relação ao mês passado, em 50 milhões de toneladas.
No fim do dia de ontem, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu sua estimativa para a safra de 52,5 milhões para 51 milhões de toneladas, alegando condições adversas de clima em regiões produtoras.
Milho
Os papéis de milho, por sua vez, sobem agora 0,35%, a US$ 4,30 o bushel, em Chicago, também com as estimativas do USDA e Conab causando pouco impacto.
O USDA cortou em 1 milhão de toneladas sua projeção para a safra argentina, para 55 milhões de toneladas. O número ficou próximo das apostas de analistas de mercado, que esperavam uma safra de 55,3 milhões de toneladas.
Os agentes também estavam atentos aos números dos estoques de milho nos EUA ao fim da temporada 2023/24. O dado oficial indicou um volume de 53,90 milhões de toneladas, enquanto analistas previam 53,47 milhões de toneladas. As projeções para os estoques caíram na comparação com o mês passado, quando USDA previu 55,17 milhões de toneladas.
Em meio a reservas robustas do cereal em silos americanos, o mercado ignorou os cortes na produção do Brasil feitos pela Conab. A estatal reduziu suas projeções de 112,75 milhões no mês passado para 110,96 milhões no relatório desta quinta. Enquanto isso, o órgão americano manteve suas projeções de março, e espera uma colheita de milho no Brasil de 124 milhões de toneladas.
Trigo
Por fim, o trigo sobe também pouco nesta manhã, 0,27%, a US$ 5,5325 o bushel.
O USDA aumentou sua projeção para as reservas do país, que passou de 18,30 milhões de toneladas no mês passado, para 18,98 milhões de toneladas. O dado veio acima das estimativas de analistas, que esperavam 18,64 milhões de toneladas.
“Além da questão dos estoques, Chicago respondeu também ao bom momento das exportações de trigo da Ucrânia, que estão bastante competitivas em comparação com as da Europa e da Rússia”, afirma Alef Dias.
Ele acrescenta que os ucranianos vêm conseguindo dar vazão as suas exportações desde o final do ano passado, mesmo com a continuidade da guerra contra a Rússia. Por essa razão, o USDA prevê um volume cada vez maior para as exportações do país. No relatório de abril, a estimativa de embarques ucranianos ficou em 17,5 milhões de toneladas, 500 mil toneladas a mais que o previsto no mês passado.
Dentro de um contexto de oferta elevada, Dias vê os preços do trigo em um momento de queda na bolsa, diante de condições favoráveis para a safra nos EUA.
“A qualidade das lavouras melhorou muito em relação ao ano passado. Há preocupações com o impacto do clima nas safras da Europa, Rússia e Ucrânia. Mas, por enquanto, as perspectivas para a produção são boas”, observa.
Fonte: Globo Rural